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OURO PRETO


           Da pousada Arcádia Mineira pode-se ver ao longe o Pico do Itacolomi, termo de origem tupi, que reune os termos itá (pedra) e kunumĩ (menino), pois uma pedra maior lembra uma pietá inclinada sobre a outra menor ao seu lado.  
O pico era considerado o Farol dos Bandeirantes, referência para que o bandeirante Antônio Dias de Oliveira conseguisse localizar o vale do Tripuí, em 1698, onde foram desobertas as primeiras pepitas de ouro, recobertas com uma camada de óxido de ferro, razão pela qual, muito mais tarde, a cidade ali erigida foi denominada « Ouro Preto ». 
Antes da chegada dos colonizadores de origem europeia no século XVI, toda a região atualmente ocupada pelo estado de Minas Gerais era habitada por povos indígenas que falavam línguas do tronco linguístico macro-jê. Essas tribos foram dizimadas em sua maior parte pelos bandeirantes provenientes de São Paulo, que começaram a percorrer a região em busca de ouro, pedras preciosas e escravos indígenas. 

            A vila foi fundada em 1652 pela junção de vários arraiais formados pela mineração (Ouro Podre, Taquaral, Antônio Dias, Pilar), com a designação de "Vila Rica" : inicialmente Vila Rica de Albuquerque e depois Vila Rica de de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto.

Em 1710, o jesuíta Antonil deu seu testemunho sobre os primeiros dias das minas em Cultura e Opulência do Brasil: "A sede insaciável do ouro estimulou a tantos a deixarem suas terras e a meterem-se por caminhos tão ásperos como os das Minas, que dificultosamente se poderá dar conta do número das pessoas que atualmente lá estão. Cada ano, vêm, nas frotas, quantidades de portugueses e estrangeiros para passarem às Minas."
  
          O autor completa: "As constantes invasões de portugueses do litoral vencerão os paulistas que haviam descoberto as lavagens de ouro - florestas batidas, montanhas revolvidas, rios desviados de cursos, pois a sede de ouro enlouquecia. Em toda parte, foi revirada e pesquisada a areia dos ribeiros e a terra das montanhas, levantando-se barracas perto de terrenos auríferos, os arraiais de paulistas começaram a povoar o interior da terra que hoje é Minas Gerais. Organizaram-se depois os povoados em torno de capelas provisórias.

          Dentre os muitos exploradores que acorreram às Minas, vieram também artífices de profissões diversas, construindo capelas, casas de morada e fabricando ferramentas. Mais tarde, alimentada pela produção aurífera, a urbanização da cidade alcançou alta dimensão artística.  
Em 1720, Vila Rica tornou-se capital da nova Capitania de Minas Gerais. 
Em 1823, após a Independência do Brasil, Vila Rica recebeu o título de Imperial Cidade, conferido por dom Pedro I do Brasil, tornando-se oficialmente capital da então província das Minas Gerais e passando a ser designada como Imperial Cidade de Ouro Preto. 

          A consolidação urbana e a presença efetiva da Coroa portuguesa se deu somente em meados do século XVIII com a construção do Palácio dos Governadores (atual Escola 
de Minas), pelo engenheiro-militar José Fernandes Alpoim e dos arruamentos ligando os referidos arraiais.

          Em 1897, a mudança da capital para Belo Horizonte provocou um esvaziamento da cidade (cerca de 45 por cento da população) e acabou inibindo o crescimento urbano da cidade nas décadas seguintes, fato que contribuiu para preservação do Centro Histórico de Ouro Preto. 

         As igrejas chamadas barrocas ou rococós, devido a certas influências neoclássicas e o casario colonial de Ouro Preto foram ressaltados pelo movimento modernista, na década de 1920. Nesse momento, os monumentos em que trabalharam Aleijadinho e Manuel da Costa Ataíde, os maiores artistas da época colonial, passaram a ser vistos como as primeiras manifestações de uma cultura genuinamente brasileira. O próprio tombamento da cidade faz parte do projeto de construção de nacionalidade brasileira, sendo o primeiro local do país considerado monumento nacional. 

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